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Orientações para Cirurgia
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ANATOMIA DO OMBROA região da cintura escapular envolve quatro articulações: glenoumeral, acromioclavicular, esternoclavicular e escápulo-torácica. Neste artigo restringiremos a descrição da porção glenoumeral, que é o local mais frequente de doenças. É formada por músculos, ligamentos, cápsula, lábio glenoidal (labrum), tendões, nervos, vasos, líquido sinovial, cartilagem e ossos. São três ossos que formam o ombro: úmero, escápula e clavícula. Os músculos/tendões que se inserem no ombro com relação direta com a articulação glenoumeral são: deltóide, cabeça longa do bíceps, redondo maior, peitoral maior, grande dorsal e o manguito rotador (composto por tendões dos músculos supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular). A ação eficaz desses músculos possibilita a manutenção de um fulcro estável e boa movimentação do ombro. A cápsula articular é uma bolsa que envolve a articulação possibilitando manter pressão negativa intra-articular e acúmulo de líquido sinovial. O liquido sinovial é um ultrafiltrado do sangue (plasma) que tem a função de “lubrificar" a articulação, permitindo movimento suave e indolor. O Lábio é uma estrutura fibrocartilaginosa que evolve toda a borda glenoidal e tem função de estabilizador da articulação. A cartilagem é um tecido que reveste toda a superfície articular (área de contato entre os ossos) e possibilita menor desgaste dos osso, com mobilidade sem dor. A irrigação do ombro ocorre por ramos da artéria axilar e subclávia (que derivaram da artéria aorta / coração). A drenagem ocorre pelas veias axilar e subclávia. O estímulo neural/nervoso ocorre por ramos do plexo braquial, possibilitando a contração muscular, como também permite estímulo sensitivos. A estrutura anatômica do ombro é bastante complexa. O objetivo deste artigo é demonstrar de forma mais simples a anatomia para que seja possível compreender algumas doenças no ombro e cotovelo que serão abordados nos artigos seguintes.
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ARTROSCOPIA DO OMBROA videoartroscopia ou artroscopia do ombro é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo para diagnóstico e tratamento de lesões nas articulações (juntas). A artroscopia é realizada no centro cirúrgico do hospital. O paciente deve estar anestesiado e pode ser posicionado em decúbito lateral ou em “beach chair” (minha preferência). Realizamos três pequenas incisões/cortes na pele (com cerca de 0,5 cm cada) para passagem das pinças e câmera. Utilizamos soro fisiológico 0,9% para insuflar a articulação e pinças artroscópicas para manipular as estruturas (na minha mão esquerda). Com um pedal em uma plataforma no chão consigo controlar velocidade do shaver e radiofrequência pisando com o pé. A imagem é transmitida/captada pela ótica (uma câmera na minha mão direita) e visualizada no monitor (tela branca). A imagem tem uma ampliação de 40 vezes do tamanho real. Através da videoartroscopia do ombro podemos tratar lesões do manguito rotador, luxação recidivante do ombro (deslocamentos), lesão SLAP, lesão do bíceps, tendinite calcárea, capsulite adesiva, retirar corpos livres dentro da articulação, dentre outros. A artroscopia quando comparada à cirurgia aberta apresenta menor dor pós-operatório e melhor visualização das lesões. Cada doença/lesão do ombro tem indicações precisas na literatura quanto à melhor forma de intervenção. Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento.
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TENDINITE E BURSITEO tendão é uma estrutura de tecido conjuntivo que liga o músculo ao osso, transmitindo força. A tendinite é um processo inflamatório no tendão. A bursa é uma bolsa serosa que recobre a articulação facilitando o deslizamento dos tendões. A bursite é a inflamação da bursa. Esses processos inflamatórios podem ocorrer em qualquer região do corpo e em todas idades. No ombro, a bursite e tendinite apresentam-se simultaneamente (na maioria dos casos) envolvendo o manguito rotador (tendões do supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular - VEJA O TÓPICO “ANATOMIA DO OMBRO") e o tendão da cabeça longa do bíceps. Podem associar-se a outras lesões como artrose, sinovite, rotura de tendão e capsulite adesiva (ombro congelado). Pacientes queixam-se de dor (localizada ou com irradiação para região lateral do braço), limitação para movimentar o ombro e realizar atividades diárias e no trabalho. Atividades simples como pentear o cabelo, estender roupa no varal, colocar sutiã, levar alimento a boca podem ser limitadas pela dor. O que pode causar? Pode resultar de esforço para realizar atividades (repetitivas ou não) sem o adequado CONDICIONAMENTO FÍSICO. Como diagnosticar? O quadro é suspeitado através da história clínica e exame físico. Ultrassonografia e Ressonância magnética confirmam o diagnóstico. Como tratar? Existe diversas opções de tratamento. A grande maioria dos casos evoluem bem com o tratamento conservador (não cirúrgico) com uso analgésicos/anti-inflamatórios, acupuntura, fisioterapia e terapia com ondas de choque. Alguns casos podem se beneficiar com infiltração. Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento. Referências: Rockwood CA, Matsen FA, Wirth MA, Lippitt SB, Fehringer EV, Sperling JW. The Shoulder 5th edition. Elsevier, 2018.
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ROTURA DO MANGUITO ROTADORO tendão é uma estrutura de tecido conjuntivo que liga o músculo ao osso, transmitindo força. O manguito rotador é o conjunto de quatro tendões do ombro (com grande importância para movimentar o ombro): Supraespinal, Infraespinal, Redondo menor e Subescapular. Existem diversas causas para a rotura do tendão do manguito rotador, sendo mais comum em jovens as causas traumáticas (acidente, quedas,...) e multifatorial nos idosos (principalmente devido ao desgaste ao longo dos anos e microimpactos). A rotura do tendão pode acometer uma porção (PARCIAL) ou toda a espessura (COMPLETA) do tendão. Pode apresentar-se em um ou mais tendões do manguito rotador. As lesões parciais são mais comuns, e o tendão do Supraespinal é o mais acometido. O diagnóstico é suspeitado pela história clínica e pelo exame físico. A ultrassonografia e ressonância magnética do ombro são exames complementares importantes. As lesões parciais do manguito rotador tem chance de cicatrizar sem o tratamento cirúrgico. Cerca de 46% das lesões parciais ao longo de 2 anos podem não cicatrizar. Esses processos inflamatórios podem ocorrer em qualquer região do corpo e em todas idades. No ombro, a bursite e tendinite apresentam-se simultaneamente (na maioria dos casos) envolvendo o manguito rotador (tendões do supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular - VEJA O TÓPICO “ANATOMIA DO OMBRO") e o tendão da cabeça longa do bíceps. Podem associar-se a outras lesões como artrose, sinovite, rotura de tendão e capsulite adesiva (ombro congelado). Pacientes queixam-se de dor (localizada ou com irradiação para região lateral do braço), limitação para movimentar o ombro e realizar atividades diárias e no trabalho. Atividades simples como pentear o cabelo, estender roupa no varal, colocar sutiã, levar alimento a boca podem ser limitadas pela dor. O que pode causar? Pode resultar de esforço para realizar atividades (repetitivas ou não) sem o adequado CONDICIONAMENTO FÍSICO. Como diagnosticar? O quadro é suspeitado através da história clínica e exame físico. Ultrassonografia e Ressonância magnética confirmam o diagnóstico. Como tratar? Existe diversas opções de tratamento. A grande maioria dos casos evoluem bem com o tratamento conservador (não cirúrgico) com uso analgésicos/anti-inflamatórios, acupuntura, fisioterapia e terapia com ondas de choque. Alguns casos podem se beneficiar com infiltração. Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento. Referências: Rockwood CA, Matsen FA, Wirth MA, Lippitt SB, Fehringer EV, Sperling JW. The Shoulder 5th edition. Elsevier, 2018.
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TRATAMENTO CIRURGICO DO MANGUITO ROTADOR (OMBRO)A cirurgia para reparar a lesão (rotura) do tendão pode ser realizada por videoartroscopia ou por via aberta. O vídeo acima demonstra o reparo por artroscopia (procedimento minimamente invasivo). A rotura do tendão consiste no seu destacamento do osso úmero (o local de inserção é chamado footprint), podendo resultar de trauma ou desgaste natural ao longo dos anos. Ao lado esquerdo do vídeo observa-se os fios de alta resistência já passados no tendão para poder tracionar (puxar) ao footprint. Em seguida esse fios são travados no osso com o suporte de âncoras para que possa cicatrizar adequadamente (período pós-operatório que o paciente fica com a tipóia). O material utilizado (fios e âncoras) não precisam ser retirados em outro momento. O tempo de cirurgia depende da quantidade e extensão das lesões associadas que devem ser tratadas. O tempo cirúrgico médio é de 40 a 60 minutos. Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento. *Imagens do arquivo pessoal do Dr Gyoguevara Patriota
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LUXAÇÃO DO OMBRO: CONCEITOS E COMO CONDUZIR O QUADRO AGUDOExistem três termos diferentes na luxação. Vamos diferenciá-los para melhor entendimento das postagens: 1. Luxação aguda do ombro: Usado quando o paciente está com o ombro luxado/deslocado. Normalmente resulta de algum trauma e deve ser manejado a nível de pronto-socorro. O principal objetivo é reduzir / “colocar o ombro no lugar”. Pode ocorrer uma, duas, três ou mais vezes. 2. Primeiro episódio de luxação do ombro (primoluxação): Paciente que sofreram uma luxação AGUDA e já foram submetidos a redução. Existem diversos fatores que devem ser considerados para optar se deve ser operado ou apenas acompanhado ambulatorialmente / cada caso é avaliado individualmente (discutiremos nos próximos tópicos). Apenas para esclarecer, quando optado por cirurgia, deve ser realizada de forma ELETIVA/PROGRAMADA, e não em caráter de urgência. 3. Luxação Recidivante do Ombro: Paciente que já apresentou dois ou mais episódios de luxação do ombro. Portanto ele não NÃO está com o ombro deslocado, mas apresenta uma grande facilidade para deslocar. A grande maioria necessita de tratamento cirúrgico para EVITAR novos episódios de luxação do ombro e progressão rápida com o desgaste / artrose da articulação. A luxação é uma URGÊNCIA ortopédica. Portanto a luxação aguda do ombro deve ser manejada a nível de pronto-socorro. Deve ser reduzida de forma incruenta, ou seja, através de manobras de redução (A mais comuns são: tração e contra-tração, spazo, manipulação escapular,...). Caso não consiga reduzir a luxação no pronto-socorro, esse paciente deve ser levado ao centro-cirúrgico para realizar anestesia (sedação) para nova tentativa de redução incruenta (agora sob sedação). A cirurgia só é indicada para redução da luxação aguda apenas na falha das opções acima, buscando assim realizar a redução CRUENTA (realiza-se uma cirurgia para reduzir/corrigir o deslocamento do ombro). PORTANTO, na luxação aguda do ombro RARAMENTE é necessário realizar cirurgia. . Procure um ortopedista especialista em Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento.
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LUXAÇÃO AGUDA DO OMBRO - INDICAÇÕESA luxação é o deslocamento de um dos ossos que compõe a articulação (junta) do corpo humano. O local mais frequente é no ombro, com maior prevalência nos homens entre 16 e 30 anos. A luxação deve ser diagnosticada e tratada o mais breve possível (ainda no pronto-socorro). O que pode causar? Trauma com o ombro em posição de abdução e rotação lateral é a principal causa (veja a foto). Como diagnosticar? Através do exame físico é possível suspeitar que o ombro está luxado (foto). Radiografias (Rx) confirmam a luxação e afastam lesões associadas (como as fraturas). Como tratar? O tratamento consiste na redução incruenta da luxação através de manobras (existem mais de 25 descritas) no pronto-socorro. A analgesia pode ser realizada por via endovenosa ou injeção intra-articular de anestésico. Algumas observações: Pacientes jovens (até 30 anos) tem maior chance de recidiva / novos episódios de luxação (discutiremos mais nas próximas postagens). Pacientes acima de 40 anos tem menor chance de novos episódios, porém apresentam maior risco de rotura do manguito rotador associado ao deslocamento. A conduta incorreta nesses quadros pode gerar sequelas permanentes ao paciente. Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento. Referências: Rockwood CA, Matsen FA, Wirth MA, Lippitt SB, Fehringer EV, Sperling JW. The Shoulder 5th edition. Elsevier, 2018.
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PRIMEIRO EPISÓDIO DE LUXAÇÃO DO OMBRO - QUANDO OPERAR?Alguns pacientes com o PRIMEIRO episódio de deslocamento/luxação do ombro após trauma podem se beneficiar do tratamento cirúrgico. Apesar de ser tema de debate na cirurgia do ombro, cada vez mais tem surgido trabalhos relevantes confirmando os benefícios (1). Indicações cirúrgicas no primeiro episódio? Praticante de atividade física (principalmente homem com menos de 30-40 anos); Praticante de esportes que envolva risco de morte (Paraquedista, surfista, nadador e escaladores); Defeito ósseo / fratura na glenóide ou cabeça umeral Opinião compartilhada com o paciente Quais as principais técnicas cirúrgicas ? Bloqueio ósseo (Latarjet, Bristow, Patte, Trillat, Eden-Hybbinette); Reparo do lábio glenoidal (Via aberta ou por artroscopia) Evidência na literatura médica Em 2017, Dr. @Bernardo Terra apresentou seu mestrado na Universidade federal de São Paulo (UNIFESP) no qual avaliou jovens atletas submetidos a tratamento cirúrgico após o primeiro episódio de luxação traumática (trabalho aceito para publicação na Orthopedic Journal of Sports Medicine - OJSM). Trata-se de uma série de casos com 53 pacientes submetidos a reparo labial por artroscopia, com seguimento mínimo de dois anos. Os pacientes apresentaram excelente resultado funcional e controle da dor, com alta taxa de retorno ao esporte e baixa taxa de recidiva da luxação (2%). A indicação cirúrgica no primeiro episódio demonstrou significativa melhora da QUALIDADE DE VIDA dos pacientes (melhores escores funcionais, menor sensação de deslocamento e melhor desempenho nas atividades laborais e esportivas), especialmente em jovens abaixo de 30-40 anos (1-4). Isso não quer dizer que todos os casos devem ser operados no primeiro episódio! A indicação cirúrgica deve ser avaliada individualmente.
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LUXAÇÃO DO OMBRO NAS PRÁTICAS ESPORTIVASA luxação é o deslocamento de um dos ossos que compõe a articulação (junta) do corpo humano. O local mais frequente de luxação no corpo humano é no ombro, com maior prevalência nos homens entre 16 e 30 anos. As luxações do ombro de origem traumática e do tipo “anterior" são as mais comuns! A sua frequência é maior durante a prática esportiva. Neste “post” demonstramos no vídeo a posição mais suscetível para luxação e alguns episódios na prática esportiva. Algumas observações Pacientes jovens (até 30-40 anos) tem maior chance de recidiva / novos episódios de luxação (discutiremos mais nas próximas postagens). Pacientes acima de 40 anos tem menor chance de novos episódios, porém apresentam maior risco de rotura do manguito rotador associado ao deslocamento. Procure um ortopedista especialista em Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento.
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LUXAÇÃO RECIDIVANTE DO OMBROPacientes que apresentam repetidos episódios de luxação tem grande chance de ter rotura do lábio glenoidal, ligamentos e, até mesmo, defeito ósseo na glenóide/cabeça umeral. Posso tratar sem cirurgia? Sim. Após a luxação traumática, a fisioterapia pode ser optada para controle da dor, restaurar a amplitude do movimento e reforço muscular do ombro (1). Entretanto, para restaurar a estabilidade do ombro é necessário correção cirúrgica dos defeitos citados, especialmente em pacientes jovens. Cada caso deve ser avaliado individualmente! Inclusive a cirurgia pode ser indicada no primeiro episódio de luxação (discutiremos mais na próxima postagem). Qual o objetivo da cirurgia? A cirurgia é realizada para tornar o ombro mais ESTÁVEL, evitando novos episódios de deslocamentos / luxações e, por consequência, evitar o “desgaste" da articulação. Portanto, o principal objetivo da cirurgia é evitar surgimento artrose no ombro. Evidência na literatura médica Hovelius et al.(2, 3, 4) publicaram uma série de três artigos relevantes sobre esse tema. No grupo que evoluiu com instabilidade, 29% desenvolveram artrose leve, 9% com artrose moderada e 17% com artrose grave. Em contrapartida 18% dos pacientes, que tiveram apenas um episódio de luxação, evoluíram com artrose moderada a grave. É importante ressaltar que mesmo os pacientes que sofreram apenas um episódio de luxação também apresentam riscos para desenvolver artrose. Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento. Referência Bibliográfica 1. Jakobsen BW, Johannsen HV, Suder P, Søjbjerg JO. Primary repair versus conservative treatment of first-time traumatic anterior dislocation of the shoulder: a randomized study with 10-year follow-up. Arthroscopy. 2007;23(2):118–23. 2. Hovelius L, Augustini BG, Fredin H, Johansson O, Norlin R, Thorling J. Primary anterior dislocation of the shoulder in young patients. A ten-year prospective study. J Bone Joint Surg Am. 1996;78(11):1677–84. 3. Hovelius L, Olofsson A, Sandström B, Augustini BG, Krantz L, Fredin H, et al. Nonoperative treatment of primary anterior shoulder dislocation in patients forty years of age and younger. a prospective twenty-five-year follow-up. J Bone Joint Surg Am. 2008;90(5):945–52. 4. Hovelius L, Saeboe M. Neer Award 2008: Arthropathy after primary anterior shoulder dislocation – 223 shoulders prospectively followed up for twenty-five years. J Shoulder Elbow Surg. 2009;18(3):339–47.
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REPARO LABIAL PARA LUXAÇÃO RECIDIVANTE DO OMBROO reparo do lábio glenoidal pode ser realizado por via aberta ou por artroscopia (vídeo). A minha preferência é pelo reparo labial por artroscopia. Reparo do lábio glenoidal - Ausência ou mínimo defeito ósseo na glenóide/cabeça umeral; - Associação com outras lesões articulares no ombro; Cirurgia aberta (corte com cerca de 4cm na pele) - Reparo labial mais anatômico e melhor posicionamento das âncoras (1, 2); - Necessidade de incisão do subescapular; - Maior manipulação de partes moles (acesso cirúrgico); - Maior risco de rigidez no pós-operatório (Capsulite adesiva); Cirurgia por artroscopia - Vídeo da postagem - Menor sangramento (3); - Menor tempo de cirurgia (média de 40 minutos) (4, 5); - Reparo do lábio glenoidal equivalente ; . Chance de apresentar segundo episódio de luxação (Pacientes jovens) - Sem cirurgia: Risco de 47-90% (6); - Reparo do lábio glenoidal: 2 a 23% (7); Evidência na literatura médica - Trabalhos científicos mais recentes, com alto nível de evidência (revisão sistemática), não demonstraram superioridade entre as técnicas aberta e fechada (3, 4). Entretanto, Bottoni et al. publicaram um ensaio clínico randomizado que evidenciou menor rigidez do ombro no pós-operatório, com melhor escore funcional (ROWE) e menor tempo cirúrgico nos pacientes submetidos a cirurgia por artroscopia (5).
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OMBRO DOLOROSOO ombro doloroso ou síndrome do ombro doloroso pode ser ocasionado por várias causas, muitas vezes associadas, sendo originadas das estruturas da cintura escapular ou irradiadas de outras regiões. Geralmente decorre de lesões por movimentos repetitivos ou do processo crônico degenerativo (desgaste ao longo dos anos), porém pode estar relacionado a traumas e lesões no esporte. Esta síndrome torna-se muito incapacitante por limitar movimentos básicos da vida diária que envolvem o ato de erguer e abaixar os braços - colocar sutiã, vestir casaco, colocar o cinto do carro, pegar objetos, segurar-se no corrimão do metrô ou ônibus. Discutiremos nos outros tópicos as diversas causas do ombro doloroso como: tendinite, bursite, rotura do manguito rotador, capsulite adesiva, tendinite calcária, artrose, dentre outros.
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CAPSULITE ADESIVAO ombro congelado ou capsulite adesiva é a inflamação da cápsula articular do ombro, causando enrugamento e assim diminuindo o seu volume. Esse processo causa dor e perda do movimento no ombro (ficando “congelado”), limitando as atividades diárias e esportivas. Pode atingir 2% da população, sendo mais comum em mulheres, com idade entre 40 e 70 anos e acomete mais o ombro não dominante. Tem relação com tempo prolongado de imobilização, diabetes, hipo/hipertireoidismo, fibromialgia, traumas/acidentes, fator hereditário (genético), além do uso de algumas medicações (anticonvulsivantes, antirretrovirais,...). A causa exata do ombro congelado ainda é desconhecida (idiopática). Existe uma teoria que essa doença possa ser causada por uma reação auto-imune, ou seja, o nosso sistema de defesa ataca as células do próprio organismo. O diagnóstico é feito através de adequada história clínica / exame físico. Quando necessário, pode ser realizado exames de imagem (radiografia, ultrassonografia e ressonância magnética) para afastar outras lesões (tendinite calcária, lesão do manguito rotador, tendinites/bursites...). Trata-se de uma doença “auto limitada”, com tempo médio de seis semanas a 24 meses. O tratamento é direcionado para o controle da dor e ganho do movimento no ombro, podendo ser usado: analgésicos, fisioterapia, infiltração e terapia por ondas de choque (feito com aparelho semelhante ao ultrassom). Alguns pacientes podem ficar com alguma limitação residual da movimentação, sem grandes restrições no dia a dia. Nos casos de falha do tratamento conservador (grandes limitações do movimento do ombro), o "release" da cápsula por artroscopia é uma ótima opção. O procedimento artroscópico (vídeo) é realizado com o objetivo de “abrir" a cápsula articular, possibilitando a restituição do movimento do ombro. Observe no vídeo que a cápsula encontra-se bastante espessada e com o auxílio da radiofrequência, realiza-se o “release”. No pós-operatório operatório é estimulado a movimentação precoce do ombro e deve ser evitado imobilizações/tipóia. Outro fator importante é o controle de doenças associadas (Diabetes, doenças da tireóide,...). Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento.
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TENDINITE CALCÁRIAA tendinite calcária ou calcárea é um tipo de tendinite de ombro em que há deposição de cálcio (calcificação) no tendão. É uma causa de dor comum nos pacientes ao redor dos 40 anos de idade, sendo mais comum em mulheres. Não tem relação com acidentes ou trauma prévio e não tem relação com outras doenças. No ombro essa calcificação ocorre mais no tendão do supra-espinal, seguido do tendão do infraespinal. Não se conhece ao certo qual o mecanismo que gera o depósito de cálcio dentro do tendão. Sabe-se que pode ocorrer uma tendinite prévia, associada a uma diminuição provisória da vascularização do tendão. O depósito de cálcio ocorre lentamente ao longo de meses e pode gerar dor leve ou desconforto, semelhante à uma tendinite leve. Mas subitamente pode ocorrer uma dor muito intensa. Nessa fase há a chamada fase de reabsorção, em que o depósito de cálcio será parcial ou totalmente reabsorvido. Nem todos os pacientes passam por essa fase e a calcificação pode permanecer por período indeterminado dentro do tendão, causando sintomas semelhantes à síndrome do impacto. O diagnóstico é realizado através de radiografias com o ombro em diferentes rotações (interna e externa), mas apenas quando o depósito de cálcio já está formado. A ultrasonografia e a ressonância magnética podem ser necessárias para afastar outras doenças quando a radiografia não demonstra a calcificação. Qual é o tratamento da tendinite calcária? O tratamento varia de acordo com os sintomas e com a fase da calcificação. Na fase de reabsorção, a mais dolorosa, existem diversas opções de tratamento. Analgésicos potentes e anti-inflamatórios são recomendados. Existem opções de infiltrações no ombro, ou seja, injeções com anestésicos locais e corticóide, permitindo alívio mais rápido da dor. Nas outras fases o tratamento é semelhante ao da síndrome do impacto e das tendinites, com fisioterapia e medidas preventivas para a síndrome do impacto. Quando é indicada a cirurgia para tendinite calcária? Como é a cirurgia para a tendinite calcária? Em alguns casos crônicos em que não houve reabsorção e os sintomas são persistentes apesar da reabilitação, o tratamento cirúrgico pode ser necessário para realizar a retirada da calcificação. Essa cirurgia pode ser realizada através da artroscopia. Essa calcificação é dentro do tendão e friável, algumas vezes é difícil sua retirada. Para isso, é necessária realizar uma incisão no tendão, no sentido das suas fibras, realizando um aspiração e drenagem dessa calcificação, sendo realizada a sutura do tendão em seguida, quando necessária. Nem sempre é possível realizar a retirada completa do depósito de cálcio, para evitar uma abertura muito grande do tendão. Realiza-se uma reabilitação pós-operatória cuidadosa, que pode levar até 4 meses. Procure um ortopedista especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo para o diagnóstico correto e adequado tratamento.
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LESÃO SLAPO que é a lesão SLAP? A lesão SLAP (sigla em inglês, Superior Labrum Anterior to Posterior) representa um descolamento da porção superior do lábio, local onde se insere a porção longa do tendão do bíceps. Quais os sintomas da lesão SLAP? O principal sintoma é a dor, e frequentemente está relacionado com atividades esportivas que sobrecarregam o membro superior como: musculação, vôlei, arremesso de peso, Crossfit, ginastas, alpinismo,… Como é feito o diagnóstico da lesão SLAP? O exame mais utilizado é a ressonância magnética. O uso de contraste intra-articular, ou artro-ressonância magnética, é utilizado nos casos em que persista a dúvida diagnóstica. Como se trata a lesão SLAP?O tratamento inicial é o não cirúrgico, com alongamento e fortalecimento (reabilitação fisioterápica). Quando a dor persiste após um período de 3 a 6 meses, indica-se o tratamento cirúrgico. Dois procedimentos podem ser realizados. .A artroscopia para reinserção do lábio junto à glenóide é preferível nos pacientes jovens e com bíceps íntegro. .Nos pacientes com lesão do bíceps ou com lábio muito lesado realiza-se a tenodese do bíceps, no qual corta-se o tendão do bíceps e realiza-se a fixação dele junto ao úmero. .Após a cirurgia, é necessária a utilização de tipóia por um mês, seguido de reabilitação fisioterápica para ganho de movimento. .O retorno aos esportes costuma ocorrer apenas após 3-4 meses da cirurgia.
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